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Tamanho das cooperativas brasileiras e salário médio pago aos funcionários nas diferentes regiões do Brasil.

#rtheodoro 18 de Setembro de 2018

O total de funcionários é considerado como adequado para apresentar o tamanho das empresas. As correlações entre seu valor e o ativo ou patrimônio líquido das organizações é positiva e elevada. Considerando o montante como uma proxy adequada, foram verificados na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), emitida anualmente pelo Ministério do Trabalho, a distribuição das cooperativas quanto ao porte nas diferentes regiões do Brasil. A partir da classificação usada na RAIS, que considera o total de funcionário, classificamos as cooperativas em grande, média, pequena ou micro ( sendo definida nesta pesquisa considerou como micro a cooperativa que tinha entre 0 à 9 funcionários; pequena aquela com no mínimo 10 e máximo 99 empregados; a média detinha entre 100 à 499 e as grandes tinham ao 500 funcionários).

A tabela 01 abaixo apresenta o montante absoluto de funcionários formais ativos em 31/12/2016 nas cooperativas, considerando o tamanho e as diferentes regiões do país.

Tabela 01. Total de Funcionários em Cooperativas, por tamanho e região

Fonte: RAIS (2016), tratado pelos autores

Nota-se que a maior parte dos funcionários eram contratados em cooperativas na região Sul (49%) e Sudeste (33%). Sozinhas estas regiões empregavam mais de 80% dos trabalhadores. Enquanto no Brasil predominava o emprego em cooperativas de médio porte – com total de funcionários entre 100 e 499 indivíduos, no Centro-Oeste e Sudeste as de porte pequeno (10 a 99 empregados) eram a maioria, ao passo que no Norte as médias se destacavam e no Nordeste e Sul as de grande porte (500 ou mais funcionários) sobressaiam às demais.

A tabela 02 apresenta a média salarial (em reais) destes trabalhadores na mesma data (31/12/2016), considerando o porte da cooperativa e a região aonde estava localizada a sua Sede. Nota-se que o salario médio mensal pago a um trabalhador de cooperativa no Brasil em 2016, independente de porte e região, era de R$ 2.476. Ainda, verifica-se que os maiores salários eram pagos nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Ambas estavam acima da média nacional. Ao contrário, as demais regiões pagaram abaixo do valor médio.

Tabela 02. Renumeração de funcionários em Cooperativas, por tamanho e região

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Fonte: RAIS (2016), tratado por OBSCOOP

Considerando apenas o tamanho da cooperativa, verifica-se que as categorizadas como médias e pequenas eram as que pagavam no período os maiores salários. Cerca de R$331 e R$248, respectivamente, acima da média brasileira. Os valores pagos por este perfil de cooperativa na região Centro-Oeste se destaca entre todos as remunerações.

Uma comparabilidade direta entre a região Sul e Sudeste, considerando o pagamento por estrato de tamanho, destaca-se que as cooperativas do Sul pagavam mais, exceto as de grande porte, que as do Sudeste. É possível que o maior número de funcionários nas cooperativas do Sul atuantes no segmento carnes (aves e suínos) explique a menor remuneração.

Ainda, é interessante notar que as grandes cooperativas, na média do Brasil, eram as que pagavam os menores salários. Talvez influenciadas pela remuneração paga no Nordeste e Sul do país.

A medida que verificamos o salário médio regional, chama atenção o fato do Centro-Oeste, Sudeste e Sul remunerarem acima da média Brasil. Todavia, somente na região Centro-Oeste e Sudeste as cooperativas, em todos os estratos de tamanhos estavam pagando acima da média nacional.

A descrição feita neste trabalho não teve a intensão de buscar explicações, mas tão somente trazer um retrato da realidade. Sugerimos que haja uma reflexão sobre os dados. Talvez algumas perguntas surjam. Por exemplo, por que a região Sul concentra a maior parte dos funcionários e a região Centro-Oeste detém os maiores salários médios? Isto tem relação com o perfil social e econômico das distintas regiões?

Davi R. de Moura Costa (Professor da FEA-RP/USP e Coordenador do Observatório de Cooperativas);

Ricardo Theodoro (Pós-graduando na FEA-RP/USP e Pesquisador do Observatório de Cooperativas)